domingo, 10 de abril de 2016

Os caminhos da indignação nacional

                   Vivemos um momento de uma  indignação perigosa. Com a crise política que assola o país, é recorrente o espírito de revolta que impulsiona os cidadãos. Desta forma, essa profusão de indignação, leva-nos a manifestar-nos com pouca racionalidade do momento vivido. A filosofia postula que a revolta e a indignação são sentimentos manifestados a partir de outros elementos como a inveja, injúria e infortúnio; embora exista a separação destes termos.
                   Para alguns filósofos, a indignação já faz parte da condição humana e sua gênese aparece desde os pequenos passos. Reflete-se como uma impostura diante da situação aparente. Entretanto, é importante perceber o caminho que tomamos com tantas queixas e protestos ao longo dessa crise. O entendimento de que as coisas não vão bem é mais do que óbvio para todos os brasileiros.
                   A indignação foi separada por grupos. E muito mais do que "pró" impeachment ou "não ao golpe" é preciso sensibilidade e menos revolta exacerbada. É preciso conhecer a fundo a democracia, a ciência política e as consequências desse movimento. Manifestar é primordial, mas ser levado por um jogo das massas é um caminho perigoso. Perigoso porque adotamos o senso comum e seguimos o embalo da sociedade que urge por grandes mudanças. É nesse sentido que é preciso parar para pensar.
                  E é difícil refletir para a maioria porque poucos conhecem política na sua gênese, na profundidade do sistema. Os discursos são separados por A e B e as discussões se tornam das mais repetitivas. Querem destituir um presidente do poder e ponto. E os deputados absorvem os discursos da população, como uma grande cena de House of Cards. O outro grupo veste vermelho e relembra o passado do país.
                  O filósofo francês Pascal argumenta que o homem é corrupto e corruptível. Ir pra rua manifestar e levantar bandeira deveria ser um exercício de consciência. É o chamado pensar o micro pra mudar o macro. E a democracia é um bem- estar social que deveria ser valorizada e melhor discutida, o que infelizmente, com tamanha gritaria, vem sendo usada como bandeira dos seus próprios interesses. Como já dizia a histórica música de Geraldo Vandré: "somos todos iguais, braços dados ou não".
               

Um comentário:

  1. Muito bem escrito e bastante coerente. Na verdade tem muitos gritando frases prontas sem ao menos saber o que está falando, sem mesmo saber o contexto de toda trajetória de nossa história. Sou leiga, sou contra o radicalismo, sou contra a estupidez. Iria as ruas para defender interesses como melhoras no sistema de saúde e educação.

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