quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Desabafo

Perdoem- me as palavras, mas hoje serei grosseira. Grosseira com a estupidez alheia, com a imbecilidade televisiva, com as caquéticas convenções sociais. Já digo logo de cara: sou intragável. Ofendo e ofendo-me por natureza. Tenho opinião, por mais insuportável que possa parecer. Falo pouco, embora tenha a efervescente vontade de dar uma "opinião". Para não ser sincero demais é melhor ficar calado. Me irrito à toa, de uma simples queda de algodão a ter de ouvir Gustavo Lima em alto bom som em praia pública.
E é essa uma das coisas mais irritantes pra mim: a mediocridade musical. A música mais chata do mundo é esse tal de "sertanejo universitário". Quer me ver irritada, aperte o play em Luan Santana e companhia. Essas bandinhas de pagode de buteco, que têm mais integrantes que o circo de Solei, são o fim da picada. E fica ainda pior quando um decide fazer carreira solo. Livrai- me! Está vendo aquela Lua que brilha lá no céu... acabaram com ela coitada!
Não sou tampouco arrogante, embora possa parecer nestas linhas. Quem me conhece pessoalmente sabe que não sou. A bem da verdade é que me recuso a gostar de um troço desses e não fiz faculdade de Letras para apreciar o "tche tchere tche tche" ou o "tchu tcha tcha". Essas bandinhas de rock adolescentes também: prefiro comer jiló. E esse tal de Axé que tudo é "tira o pé do chão". Tudo isso consegue ser até pior que a overdose "vai Corinthians" na televisão. O inusitado é que você se sente um boçal em rodinhas de conhecidos. Me chamam para o show da Claudia Leite, faço cara feia e digo que não, me convidam para o show do Sorriso Maroto também digo que não (minha alma tremula nessa hora). Me convidam para as boates Privilege e Pachá. Só de pensar naquela batida eletrônica exaustiva em altos decibéis, naquelas pessoas que estão mais bêbadas que o Vampeta e não sabem nem o que dizem, nos rapazes que, se tanto faz você ou a Susan Boyle: não, obrigada!
Aqui está a minha cretinice. Respeito os gostos musicais, mas não mudarei minha opinão e meu senso crítico por causa desta dita sociedade. Tem gente que vai achar a coisa mais estúpida eu dizer que gosto de Michael Jackson ou Frank Sinatra. Vão achar estúpido eu dizer que Cisne Negro  e a trilogia do Batman foram os melhores filmes que vi em anos. Da mesma forma que acho Crepúsculo o filme mais imbecil do século. Muitas pessoas gostam de novela, eu acho a coisa mais estapafúrdia da televisão brasileira.
Não sou intelectual, muito menos crítico/especilista de alguma coisa. Se eu não posso discorrer minha opinião por aí, me deixem pelo menos escrever caramba! Eu e minha estúpida personalidade.

domingo, 2 de dezembro de 2012

Então já foi


Já sofri, já chorei, esperneei. Chorei, gritei, sem que ninguém me visse.
Sorri, amanheceu de novo, chorei. Escureceu, não percebi. Refleti e não vivi.
Caminhei nas horas e não marquei no relógio.

Então já é dezembro. Já é Natal!
Já foi. E o que virá?



quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Deus salve os paranóicos


O mundo seria bem pior se não fossem os paranóicos. Pois sim. O paranóico acorda sempre duas horas antes do previsto e de vez em quando tem crises de insônia.  Observa diversas vezes o despertador para ver se realmente está funcionando e o seu armário é motivo de inveja para os que têm TOC (transtorno obsessivo compulsivo).

O paranóico é o tipo de pessoa que repete a mesma coisa para si umas trinta vezes e literalmente não é uma hipérbole. Ele sabe que tem consulta com o Dr. Carlos na semana que vem e planeja até roupa, cueca e meia com que vai ao consultório e calcula o tempo extimado em que ficará mofando para ser atendido. Eventos supresas são um tormento, pois não faz nada sem planejamento. Os paranóicos escrevem a mesma palavra, por mais banal que seja, várias vezes, porque sempre bate uma insegurança. Um “s” ou “ss”? Olham três vezes a maçaneta da porta para ver se está a 90° do eixo do chão à cintura. Pois bem, se não fosse por esta espécie, no seu trabalho, você teria que se preocupar com a quantidade de papel necessário para o próximo mês, pois o paranóico não deixa para resolver nada em cima da hora. Ou no casamento, se sua mulher não contasse a quantidade de arroz que precisará para os próximos meses de casados. 

Este indivíduo está sempre preocupado, é sempre responsável e atento aos mínimos detalhes. Acha que o mundo nunca conspira a seu favor e procura sempre agradar aos outros. Sempre acha que está ficando... quando na verdade já é paranóico desde o tempo em que deixou de acreditar em Papai Noel.

Se não fosse por ele, você certamente teria que preocupar- se com tudo nos mínimos detalhes, sua vida ia virar um inferno e o mundo acabaria na próxima semana, pois o paranóico está sempre preocupado com ataques terroristas.

Então, conviva com um paranóico, ele sempre carrega o mundo nas costas por você. Deus abençõe esta espécie em extinção. Amém!


domingo, 14 de outubro de 2012

               O que me irrita é a mediocridade humana patética do senso comum!



quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Psique

Sou um equívoco transpirante.
Não deixo de ser eu, embora a fuga esteja sempre em minha vontade lúcida
de não existir em mim.
Agora existo e me queixo sempre: Por que ser assim?
Trago-me num invólucro inconsciente, sabendo que é essa bebida que me mata.
Discordo em desatino sobre mim e serpenteio as emoções mais fugazes.
Sou eu que me vejo todos os dias no espelho perpassada pela alma cruel que não escolhi.

Não, não há escolha. É um duelo sôfrego entre a consciência, a razão e o inexplicável.
Esta é a minha psique.




terça-feira, 26 de junho de 2012

GEOMETRIA


                                                     (Quadro de Piet Mondrian)


                                            Logo terminarei.
                                            Preencherei todos os espaços.
                                            Não ando em linha reta. 
                                            Não tenho cores. 

                                            Não contemplo a felicidade e nem sou geométrica.
                                            Tão logo eu terminar a vida, o que terei sido?

                                            Linhas pretas e brancas marcadas sarcasticamente numa régua.
                                            Poucas cores delimitadas em traços.

                                            Mas escondidos na pintura terão muitas palavras e muitos ruídos. 
                                            Tão logo partir, os outros não verão.
                                            Verão apenas as linhas, uma pintura geométrica.

                                            Assim, estarei guardada a mim mesma.
                                            E cairei no esquecimento. 



quarta-feira, 13 de junho de 2012

O olhar manifesto


Ela estava sentada no banco do ônibus lotado. Eram 17h e tinha acabado de sair do trabalho. As paredes retrógradas de seu apartamento adornavam sua solidão. A voz do televisor rompia o silêncio do cômodo e amansava a inquietude do seu ser, gemendo por companhia.


Ainda à caminho do seu apartamento, percebeu que um olhar masculino a deslindava. Seu decote, seu suor e seus olhos. Enquanto o ônibus prosseguia lentamente o percurso, os dois fixaram- se o olhar: ele mais ousado, ela mais tímida e discreta. “Em que ponto ele desceria?” “Será que é casado?”, pensou.


Depois de uns quinze minutos o homem desceu ao seu destino. “Mas qual seria?”, pensava ela. Um pouco frustrada retomou seus pensamentos, seus anseios. Chegando ao seu destino, a mulher tirou suas vestimentas para tomar banho. Notou que àquela água que percorria o seu corpo não era a que queria naquele momento, em que as gotas escorriam em seus lábios, em seus desejos íntimos. Depois de seco o corpo e enxugado a alma, colocou seu pijama e ligou a televisão. Mas nenhum programa a atraiu mais do que o olhar daquele ser masculino percorrendo seu corpo de mulher. Passaram- se horas, até chegar à madrugada, até sua boca se encontrar com uma laranja, da qual sugava todo seu caldo. 

Passados dias e sua vida ainda na rotineira viagem, entre a casa e o trabalho, entre a solidão e o silêncio, foi surpreendida por um homem que refletia- se na janela do ônibus lotado. Era ele. Desta vez ela estava em pé. Ele também. Mais uma vez os dois olhavam fixamente para a alma do outro. “Será que me aproximo?”, refletia a mulher. O homem ao notar que seu ponto aproximara- se, percorreu todo o corredor do transporte até passar sutilmente por trás da mulher. A mesma sentiu a parte do homem provocando efervescência em todo seu corpo. Salivava.


Não era possível que não dissessem uma palavra. Era preciso conhecê- lo, mesmo que fosse para se decepcionar, para amar e não ser amada, para perceber que errou, que sofreu, que chorou e que a solidão ainda batia em seu peito vazio, mas cheio de esperança. Tomou coragem e colocou na cabeça que a próxima vez em que o visse iria cumprimentá- lo, iria falar- lhe, iria esquecer os medos, iria viver. Durante vários dias sua mente só pensava naquela figura masculina, imaginando o dia em que a tocasse, no dia em que fariam amor, no dia em que conversariam na praia.


Até que alguns meses depois, avistou na parada de ônibus, um homem sentado. “É ele”, gritava ardentemente em pensamento. Ela desceu do ônibus e parou para refletir sobre o que deveria falar. Era preciso ir com calma. Andou poucos passos até ficar perto dele. Mas reparou que ele segurava uma bengala e que seus olhos não mais a olhavam. Havia ficado cego e nunca mais a viu. Um acidente trágico de desilusão que arrefeceu os sonhos de uma mulher.

terça-feira, 22 de maio de 2012

                         
INSPIRAÇÃO, onde estás? Sinto falta de tingir o meu vazio.



terça-feira, 1 de maio de 2012

Casados, mas separados


        Eles estavam casados há dois anos. Ainda na faixa dos 30 anos, ambos queriam que tudo desse certo. Ela era uma mulher bonita, elegante, séria e mentirosa. Ele, bem- sucedido na empresa, dedicado, honesto e preocupado.
     Ela não pisava os pés na cozinha, a não ser para colocar alguma comida pronta no microondas. Detestava faxina. O marido, por sua vez, cozinhava, cuidava da casa e atendia as necessidades da esposa:
         — Você precisa do meu cartão de crédito?- perguntava o homem solícito.
       A mulher detestava ser sustentada por um homem e por isso não aceitava o cartão ou qualquer dinheiro que viesse dele. Ele preocupava- se com a independência dela, afinal, queria sentir que ela precisava dele. Os dois quase não conversavam, apenas faziam pequenos pedidos como pegar um refrigerante na geladeira, fazer compras ou usar o carro de um. O sexo era morno: escondiam- se nas entranhas dos lençóis para sentir que tudo andava bem. Não tinha essa historinha de “meu amor pra cá”, “meu amor pra lá”, “minha fofinha”, “meu lindo”, “minha princesa” ou o mais clichê: “Você é o amor da minha vida”. Da única vez em que o homem tentou chamá- la de “meu queijinho, por você eu me derreto”, a esposa olhou- o com uma cara de vilã da novela das oito. Falando em novela: ele adorava. Ela detestava. Preferia um filme de ação.
     E por aparentarem serem tão diferentes se amavam. Embora nunca falassem, nunca evidenciassem essa paixão, nem mesmo na junção dos seus corpos. Mas tinham medo de que um dia se separassem. Um dia a mulher caiu na bobagem de assistir um filme romântico que ele tanto gostava. Terminado o filme o homem olha para ela e diz:
       — Vamos discutir nossa relação?
     A esposa se contorceu por dentro. Apenas disse que não, que estava na hora de assistir seu jogo de futebol. Eram distantes, mas queriam fazer parte um do outro. Ele num cômodo, ela em outro.
      O homem pensava: “Vou para a cozinha por causa dela”, “vejo essa novelinha ridícula por causa dela”, “detesto novela, pensei que toda mulher gostasse”, “estou perdendo meu jogo de futebol”, “não bebo por causa dela”, “será que ela não percebe?”
      A mulher pensava: “Poxa... já vi quase todos os filmes de ação por causa dele”, “perco todos os dias minha novela por causa dele... e é justamente ele que quer ver?”
      O fato é que cada um era o que pensava que o outro fosse, bem como seus gostos pessoais. Queriam agradar- se, queriam fazer dar certo, pois se amavam. Ele não agüentou. Ela também não. Separaram- se sem dizer nada, sem tentar reconciliação, sem brigar. Ela não queria magoá- lo. Ele a mesma coisa.
       O que duas almas não fazem por amor.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

INTROSPECTIVAS

Minh` alma silencia.
Mas é calada que escorre a tempestade.
Sem barulho, sem grito refrigério.

E nessas horas de limbo,
sinto falta de mim mesma.
Em que sôfrega e efusiva
fazia avaliações intempestivas sobre a vida.

E agora, o que faço eu?
Se neste instante qualquer coisa é qualquer coisa.
Se tanto faz o filme, tanto faz a música
e se tanto faz a comida.

Quero desacomodar- me.
Quero ser idiossincrático.
Para abandonar as premissas do senso comum.

Ser, naturalmente, o meu retrato.

sábado, 10 de março de 2012

O Relógio

                                         (Quadro do pintor surrealista Salvador Dali)


Pessoas atiram minha cabeça ao relógio.
Sou cópia do tempo.
E do tempo me esgoto.
Sou real, embora finda.

No plano surreal,
não serei cópia de nada.
Me recrio, invento.

Enquanto isso, serei máscara.

TIC TAC, TIC TAC.
Apresso- me em ser.
São os ruídos da minha voz.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

TÉDIO

Não há mais nada. Nem ouço mais os fantasmas persistentes do meu âmago.Nem rio, nem choro.Tudo se torna tão sem graça. Esta penumbra rompe a criação. Até que se vá continuarei esmorecida. E depois enfim me reerguerei em total volúpia. TÉDIO entra no meu vocabulário como palavra detestável.

sábado, 4 de fevereiro de 2012



Queria juntar em um mesmo texto todas as palavras que amo. Mas esta ALMA que não me alivia, cria LABIRINTOS ferozes em mim. Não sei se sou clara ao escrever o que HERMETICAMENTE em mim está. Mas as guardo. No SILÊNCIO. No VAZIO. Em que caem como traduções de mim mesma. E gosto dessa LIBERDADE. As palavras são minhas. Para os outros as mesmas PALAVRAS podem não ter sentido algum ou significação diferente das minhas. Esses MISTÉRIOS da língua, da vida. O que seria de mim se não fossem as palavras? E escrevo anaforicamente. Seria uma MÁSCARA, um ARQUÉTIPO entre tantos que não se dão ao desfrute sentimental que elas trazem. Me olho no ESPELHO e sinto o GRITO entalado na garganta. Mesmo quando não falo as palavras existem.
No SILÊNCIO. No VAZIO. Para você pode não ter sentido. Todavia, para mim é a essência deste SER. E ainda me faltaram algumas neste INFINITO dicionário. E como diz um trecho de uma música antiga “Palavras são palavras e a gente nem percebe”.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Sou dessas mulheres

Sou dessas mulheres que pensam que não são como as outras mulheres. Nunca me senti com atitudes parecidas com as de outras mulheres. Primeiro porque sempre aprendi que a típica mulher adora sapatos. E para falar a verdade, nunca me senti fascinada por sapatos. Principalmente, salto alto. Esses dias, aqui na Rua das pedras em Búzios, vi várias mulheres de salto plataforma perambulando pelas irregulares ruas. Nunca fui vaidosa a este ponto.

O segundo fator é que nem sei usar maquiagem. Porque não gosto também. Uso sim um batom, uma sombra. Algumas mulheres se esbaldam de maquiagem até para ir ao supermercado. Parece que estão esperando o príncipe encantado em qualquer latinha de atum. Mas, até as casadas usam maquiagem assim, diga- se. Querem sentir- se assediadas pelos outros barrigudos. Algumas são até assustadoras sem a maquiagem: de Gisele Bunchen se transformam em babuínas do Zorra Total. Aí, como eu estou bandida! Mas, enfim. Maquiagem é uma necessidade feminina.

O terceiro aspecto é o romantismo feminino. Aquele desejo de logo nos primeiros meses de namoro sentir a necessidade de casar- se. Muitas vão falar que não querem casar ou não querem ter filhos. Mas a verdade é que só pensam isso por causa de uma grande decepção. Ou algum grande exemplo familiar. “Agora vai”, “É esse”. E depois de 2 anos de namoro tudo acaba, mas a esperança permanece. E o ciclo se perpetua. Eu sempre tive a idéia de viver cada momento com a pessoa que estivesse do meu lado. Sou do tipo “que não seja imortal posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure”, de Vinícius de Moraes. Sem imaginar plantações de filhos e panelas no fogão.

Mas evitei o inevitável. Essa alma feminina te corrompe por inteira. Não que eu me imaginei casada, mas senti- me com as mesmas frustrações reclamadas por tantas. O telefonema que não chegou, descobrir que você foi trocada pela Susan Boyle 2.0, ou que ele não queria nada sério. E nessas horas você percebe que amadureceu enquanto mulher. Mas que merda!

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Há palavras que conquistam você.Gostei da palavra hermética, que já estava há muito tempo martelando em meus pensamentos. Eis uma palavra que parece meu nome.
Quando falarem pra mim:
- Você é estranha.

Eu vou responder:

- Não. Eu sou hermética.

Soa mais sofisticado. Mas se for a mesma pessoa que escuta e canta "ai, se eu te pego", certamente não vai saber o significado e vai continuar me achando esquisita.