quarta-feira, 1 de março de 2017

Oceano

            Viver para ela, era um ponteiro do relógio. Acordava em mais um dia rotineiro, abria a janela e avistava o mar. Seu nome era Penélope. Solitária, hermética e idiossincrática. Assim como o mar transportava a profundidade da natureza, sua alma mergulhava num abismo sem fim; intransponível.  O tapete que ocupava o chão da sua sala de estar evidenciava o sufrágio de quem estava cansado de esperar. Olhando da janela, as outras pessoas mergulhavam sem medo. Como desbravar o oceano?
          Havia um pescador. Nas dificuldades da vida, o peixe, além de alimento, era aquilo que o conduzia para a vida. João era seu nome. Corajoso, inquieto e sonhador. Embora o cheiro fétido da rotina reverberasse entre chegadas e partidas, seu coração era limpo como a água de uma ilha. No braço, uma tatuagem com a frase: “A vida é um sopro”. Entre janela e oceano, a vida segue seu destino.

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