quarta-feira, 6 de maio de 2015

O que mata é a rotina

     Júlia levantou-se às cinco horas da manhã ainda embebida pela noite anterior. Permaneceu na cama alguns minutos até abrir a janela. Soltou um leve bocejo de esvaziamento. Caminhou lentamente ao banheiro, sentou no vaso e escovou os dentes. Enquanto fazia suas atividades domésticas não atentara-se para si. Mas, como de súbito, o barulho da rotina que atravessava a janela do quarto provocou inquietação. Penteou os cabelos, colocou uma blusa e uma calça jeans.

         Foi para a cozinha, fez café e comeu torrada. Cansada do gosto do café, da torrada, do desbotamento da calça, Júlia pensava na noite anterior e em outras noites também. Era segunda- feira e a cidade agitara-se. Pegou a bolsa, fez uma prece e fechou o apartamento. Percorreu o elevador, deu bom dia ao porteiro e pegou o carro. O mesmo carro que acabaria de vez com sua rotina.

Nenhum comentário:

Postar um comentário