sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Pais e filhos

“É preciso amar as pessoas como se...” Não! Não é aquela música do Renato Russo. O assunto é mais profundo. Profundo como um copo de Yakult. O relacionamento entre pais e filhos.

A mulher engravida, fica com aquela barriga que mais parece uma melancia, arruma o quartinho do bichinho, dá nome, oferece os seios para amamentá- lo. E após nove meses, nasce. Jurema e Julião nasceram. Gêmeos! Quanta alegria!

A mãe coloca cinta para perder rapidamente a barriga, o pai troca a fralda, canta lindas músicas do KLB, o casal fica noites e mais noites sem descansar. Mas, não tem problema, a felicidade reina neste lar.

Passam- se três anos e Jurema e Julião já falam. Que gracinha! “Eu se morri”, “Eu se caguei”, a descoberta da nossa adorável Língua Portuguesa. Os pais levam os filhos ao shopping e o menino queria o relógio do Ben 10, mas papai disse que “hoje não”. Pronto. A criança grita, se esperneia no chão, o casal passa vergonha perto da praça de alimentação e o pai carrega o filho aos berros. Doce comunhão!

Dois anos se passaram, eles já têm cinco anos. Quanta maturidade! A família vai almoçar no restaurante. A mãe pede arroz, feijão, purê e batata frita para os filhos. Toda criança gosta. Jurema diz: “Ai, não gosto”, “ai, não quero”. Quem sabe um filé de frango: “ai, não gosto”, “ai, não quero.” O pai interrompe e diz: “Ou você come isso ou passa fome”. E a menina, o que faz? Passa fome e fica a tarde inteira de cara amarrada. Que família feliz!

Oito anos se passaram e vejam só: a adolescência. O menino com espinhas na cara enquanto a menina masca chiclete, pedindo ao pai dinheiro para comprar a mini- saia da moda. “Tipo assim”. Que vacilo! Começa a gritaria. Os filhos apontam dedo para os pais, dizem que vão sair de casa, etc. Ninguém merece! Curtem uma balada e a mãe não gosta do namorado da filha. Uma grita de cá, outra se explica de lá, a filha diz que vai sair de casa pela trigésima vez, o filho não gosta de estudar... Essa é a família do século XXI.

Os gêmeos, com 26 anos de idade, já trabalham, Jurema, inclusive já saiu de casa, ganha bem, terminou a faculdade. Julião até hoje não sabe o que faz da vida, trabalha sem objetivos, ainda mora com os pais, deixa a mãe com o coração apertado quando chega tarde. Jurema então engravida do recém namorado, a mãe chora, o pai fica em silêncio e nove meses depois a garota dá à luz a Luíza. Cinco anos se passaram e Jurema dá o almoço para a filha, e a mesma diz: “Ai, não gosto”, “Ai, não quero.” Quem sabe macarrão com carne moída? “Ai, não gosto”, “Ai, não quero”.

No fundo, pais e filhos se merecem.

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